 Brasile. Segnaliamo questo articolo sulla campagna promossa dal Pstu a sostegno di Veronica, una trans che è stata torturata dalla polizia in carcere:
Brasile. Segnaliamo questo articolo sulla campagna promossa dal Pstu a sostegno di Veronica, una trans che è stata torturata dalla polizia in carcere:
 Verônica Bolina: travesti, negra e pobre. Presa sob a acusação de 
agredir uma vizinha durante uma briga, ela estava sendo tratada todo o 
tempo como se fosse homem. No dia 12 de abril, durante uma transferência
 de cela, houve uma briga entre Verônica e o carcereiro. Por arrancar a 
orelha do carcereiro com os dentes, uma série de fotos do episódio foram
 divulgadas. Nelas, se vê que os policiais espancaram-na, despiram-na e 
rasparam o seu cabelo. As imagens imagens mostram que Verônica está sem 
camisa e com o rosto desfigurado. Um verdadeiro retrato de uma polícia 
que criminaliza as travestis que vivem na periferia e o povo negro.
 O caso virou um escândalo e gerou muita comoção. As imagens divulgadas 
pela polícia não deixam dúvidas de que Verônica foi vítima de brutal 
agressão e muita humilhação. Ela aparece nas imagens sem blusa, com os 
seios expostos, coisa que demonstra que teve sua identidade de gênero 
desrespeitada. Suas calças estavam rasgadas, e o cabelo foi raspado, o 
que a descaracteriza e a agride física e emocionalmente. Seu rosto foi 
desfigurado demonstrando que ela foi agredida, quando deveria ter sido 
apenas contida e imobilizada. Há imagens de Verônica algemada e largada 
ao chão diante de vários policiais. Torna-se, assim, inquestionável a 
covardia e a prática de tortura aplicada pela Polícia Militar. Todos 
esses procedimentos são injustificáveis, senão pelo preconceito e pela 
discriminação.
 Ainda, depois de todo esse espetáculo de desrespeito aos direitos 
humanos e de tratamentos degradantes, a PM foi mais além. Realizou um 
depoimento em áudio, no qual Verônica afirma não ter sido torturada, em 
resposta à comoção gerada pelo caso. O áudio provocou não apenas 
surpresa, mas ainda mais desconfiança em relação à polícia e às suas 
práticas. Ele foi divulgado pela Coordenadora de Políticas para a 
Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloisa Alves, que afirma 
fazê-lo para proteger Verônica, uma vez que ela não teria interesse em 
ter seu caso utilizado para críticas e fins de interesses políticos.
 É de, no mínimo, causar estranhamento, que seja divulgado um áudio e 
não um vídeo, e que depois da situação exibida nas fotos, por livre e 
espontânea vontade, a vítima quisesse proteger seus algozes. O conteúdo 
do áudio, ainda que fosse verdadeiro, também demonstra que a polícia 
realizou práticas um tanto quanto inadequadas, pois Verônica afirma ter 
estado possuída, por ter agredido e por isso ter sido também agredida. 
Ora, se ela estava surtada, deveria ter sido tratada ou contida e não 
espancada.
 Também causou muita revolta saber que Heloisa cumpriu, sem 
constrangimento, o papel de viabilizar a defesa da polícia, quando surge
 uma oportunidade de, diante de toda opinião pública, denunciar uma 
situação e questionar uma realidade que amedronta e vitima tantos LGBTs.
 Por outro lado, faz muito sentido que, sendo ela do PSDB e ocupando o 
cargo dentro do governo tucano, tente abafar a barbárie promovida pela 
polícia de Alckmin. Lamentável!
 Não houve respeito ao direito de Verônica pelo seu nome e sua 
identidade de gênero, a começar por praticamente todas as notícias, que 
estão tratando ela por pronomes masculinos, falando que ela é “um 
travesti”, assim como foi inclusive na reportagem do Datena. A polícia, 
por outro lado, também desrespeitou esse direito, já que ela foi detida 
em uma prisão masculina e colocada em celas junto com outros homens. 
Sendo presa com inúmeros homens, ela pode ser vítima de violência 
psicológica, física ou sexual, como aconteceu com muitas travestis nas 
prisões. São conhecidos até mesmo casos de estupros coletivos dos quais 
as travestis foram vítimas dentro de uma prisão masculina por parte dos 
detentos.
 Se, felizmente, em diversas mídias e nas redes sociais a violência 
transfóbica está sendo denunciada, ao relatar o caso, o programa do 
Datena transformou-a em uma piada, apelidando Verônica de “Traveca 
Tyson” porque, durante a confusão, ela teria mordido a orelha do 
carcereiro. Isso demonstra mais uma vez o caráter da mídia que também 
sempre mostra travestis como piada e como criminosas, banalizando 
totalmente o espancamento e a exposição que ela sofreu, que se 
caracteriza como tortura.
 Na mídia, as travestis são quase sempre retratadas assim como foi a 
Verônica: de forma unilateral, como criminosas, desumanas, são tratadas 
por pronomes masculinos e pelo nome de registro. Mas ela é uma travesti e
 merece assim ser tratada, pelo seu nome, Verônica, independente do que 
ela tenha feito. Afinal, desrespeitar a identidade de gênero dela e 
transformá-la num motivo de piada é um ataque a todas as travestis. 
 É por isso que nós, do PSTU, vamos defender até o último momento o 
direito de Verônica de contar sua versão da história, de falar sobre 
todos os maus-tratos e abusos que ela sofreu por parte dessa polícia e 
de defender que os policiais que a agrediram sejam devidamente punidos.
 Uma polícia que agride as travestis
 Essa notícia surpreendeu muita gente, mas o fato é que a violência 
policial atinge as travestis de forma cotidiana, seja a violência 
verbal, física, prisões arbitrárias, detenções maiores, extorsões, 
ameaças, espancamentos, torturas e estupros. A violência policial contra
 as pessoas trans é legitimada pela discriminação social que elas 
sofrem, seja por parte da própria família, de amigos, vizinhos, de 
pessoas estranhas na rua ou colegas de escola. Elas são constantemente 
excluídas dos espaços sociais e familiares, com altas taxas de evasão 
escolar e isolamento da família.
 Se isso não bastasse, existem inúmeras barreiras para o acesso ao 
mercado de trabalho formal, sendo que este fica restrito a subempregos 
(como empregos terceirizados ou em empresas de telemarketing). Isso faz 
com que a maioria seja empurrada à prostituição e que recorra ao uso de 
drogas para aguentar o sofrimento, o que serve como mais uma desculpa 
usada pela polícia para sua criminalização.
 Os dados estatísticos comprovam essa triste realidade. Foi realizado um
 estudo com 459 pessoas trans de sete regiões da Argentina onde 80% das 
mulheres trans e travestis afirmaram que já foram detidas em algum 
momento. A cada dez mulheres trans e travestis detidas, oito foram por 
prostituição, sete ficaram detidas em um tempo maior que pessoas 
não-trans, seis foram privadas do direito a um advogado, seis sofreram 
agressão psicológica, cinco sofreram agressão física e quatro sofreram 
abuso sexual pela polícia. Em outras palavras, foram estupradas por 
policiais.
 Nos espaços públicos, familiares e sociais, de cada dez pessoas 
entrevistadas, seis já sofreram insulto ou ameaça verbal. Cinco sofreram
 agressão física, e quatro sofreram algum tipo de violência psicológica,
 física ou sexual por parte de parceiros. Como consequência dessa 
discriminação, 42% das pessoas trans escolheram se isolar de sua família
 e/ou de seus amigos, 47% abandonaram os estudos e 31% já tentaram (e 
não conseguiram) cometer suicídio. Enquanto 56% da população argentina 
adulta tem o segundo grau completo, entre as pessoas trans, esse número 
cai para 33%.
 As pesquisas, notícias e relatos ao redor de todo mundo mostram que as 
pessoas trans são vítimas constantes de exclusão, marginalização e 
violência da mesma forma que na Argentina. A única conclusão que podemos
 tirar é que a luta contra a transfobia é urgente.
 A violência vem desde cima
 Não existem muitas estimativas e estudos sobre a vida das pessoas 
trans. O censo do IBGE, por exemplo, não publica dados sobre orientação 
sexual nem identidade de gênero da população brasileira. Enquanto isso, 
as políticas do governo voltadas para a população LGBT definham por 
falta de financiamento. Foram elaboradas muitas políticas de prevenção e
 de combate à opressão que a população LGBT sofre, mas elas não saem do 
papel.
 O Brasil é o país campeão em assassinatos motivados por homofobia e 
transfobia. Aqui acontecem 44% dos casos que ocorrem em todo o mundo e 
ainda assim o governo Dilma trata com total descaso a violência sofrida 
pelas LGBTs. Diante de toda a violência sofrida pela população LGBT, 
principalmente pela população trans, o governo do PT continua em 
silêncio. Com essa política, o governo demonstra que enxerga a vida das 
travestis como sendo descartável. Esse silêncio nos mata todos os dias.
 Mas não é só o silêncio do governo do PT que é um ataque às travestis. 
As medidas provisórias 664 e 665 emitidas pela própria Dilma e que 
atacam os direitos trabalhistas principalmente das pessoas que têm mais 
dificuldade de acesso ao emprego e que estão nos empregos mais 
marginalizados. Além dessas MPs, o Congresso também aprovou recentemente
 o PL 4330, que segue para aprovação do Senado, um projeto que visa 
permitir sem restrições a terceirização de todos os empregos. Tanto as 
MPs de Dilma quanto o projeto de terceirização do Congresso são um 
ataque direto às mulheres, às pessoas negras e LGBTs, que estão nos 
postos de trabalho mais precarizados e com menos direitos garantidos.
 A política de ajuste fiscal de Dilma fez com que ela realizasse 
diversos cortes nas áreas sociais como educação e saúde para poder 
continuar pagando a infindável dívida aos banqueiros. Isso vai fazer com
 que as travestis sejam as primeiras a serem negligenciadas nas filas 
dos hospitais públicos, no respeito ao seu nome social e à sua 
identidade de gênero, no direito à proteção contra a discriminação nas 
instituições de ensino, na defesa contra a violência vinda dos 
transfóbicos, sejam policiais ou não. Isso significa que as travestis 
pagarão a dívida pública aos banqueiros com sua dignidade e com sua 
própria vida.
 Enquanto o governo não der a prioridade necessária para as políticas 
públicas de combate a toda forma de opressão contra as mulheres, pessoas
 negras e LGBTs e que tenham enfoque nas pessoas mais oprimidas, 
exploradas e marginalizadas do nosso sistema, a maioria das travestis 
terão a mesma escolha de sempre: ou aceitar um subemprego com salário 
miserável, sem qualquer direito, sendo vítima de assédio, humilhação e 
agressão no local de trabalho, ou recorrer à prostituição, onde poderá 
sofrer agressões e estupros inclusive por parte da própria polícia.
 Pelo caso da travesti Verônica, do pedreiro Amarildo, de Cláudia (que 
foi assassinada e arrastada por uma viatura no RJ), do garoto Eduardo e 
tantos outros, bem como pela repressão aos movimentos sociais e pelo 
genocídio do povo negro, precisamos desmilitarizar a polícia, resquício 
da ditadura militar e de suas práticas. Pela defesa de todas as pessoas 
trans, pelo respeito à sua dignidade e identidade, devemos defender a 
aprovação de uma Lei de Identidade de Gênero, a Lei João Nery.
 Nossa luta pela construção de uma terceira via, em defesa dos direitos 
da classe trabalhadora e contra as políticas do PT, do PSDB e do PMDB, 
deve incluir também o direito das pessoas trans a uma terceira opção: a 
oportunidade de poderem estudar, serem aceitas nos espaços sociais e 
conseguirem um emprego digno, com salário justo e com garantia de seus 
direitos.
 
 
 
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